Vereadora pede que população jaboticabalense denuncie casos de abuso e exploração sexual infanto-juvenil

por admin publicado 29/08/2018 19h57, última modificação 16/11/2020 09h01

 a missão de alertar e orientar a população no combate ao abuso e a exploração sexual infanto-juvenil, a vereador Dona Cidinha (PRB) organizou, com apoio da Prefeitura e Câmara Municipal, uma manhã de conscientização no sábado (19/05). O evento começou por volta das 9h30, na Praça 9 de Julho, e seguiu para a Câmara Municipal devido à chuva forte que caiu na cidade.

O evento cumpre a Lei Municipal nº 4.869/2017, de autoria de Dona Cidinha, aprovada por unanimidade na Câmara, que criou e inseriu no Calendário de Eventos Oficiais a "Semana Municipal de Conscientização e Combate à Pedofilia, Violência e Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes" no Município. De acordo com a norma municipal, ações de conscientização devem acontecer anualmente no mês de maio, seguindo o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescente, estabelecido no dia 18 de maio.

A parlamentar chamou a atenção para a importância de se denunciar os casos envolvendo abusos e exploração sexual de crianças e adolescentes. "Esse problema não é meu, não é seu, é nosso! O abuso causa marcas profundas nas vidas das vítimas. Se você souber de algum fato, não se cale, Disque 100! Porque nós sabemos que os casos têm acontecido entre as famílias. Fazendo esse trabalho, levando as crianças e adolescentes a crescerem com uma cabeça madura, esse problema vai eliminar. Vai por fim? Eu digo que não é fácil, mas também não é impossível. Se cada um cuidar de um, vai mudar essa situação", acredita a vereadora.

A primeira edição do evento na cidade contou com a participação da Frente Parlamentar Itinerante Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado federal Roberto Alves (PRB), que participou da ação em Jaboticabal. "Estamos visitando os municípios para esclarecer a importância das pessoas usarem o Disque 100. Das pessoas denunciarem. Você que conhece uma criança que está sendo abusada, que está sendo explorada sexualmente, use o Disque 100. Denuncie!", pediu o deputado, que pretende repetir o evento em Jaboticabal no dia 23 de junho.

Em 2017, o Disque 100, canal que recebe denúncias de violação dos direitos humanos, registrou 20.330 denúncias de violência sexual de crianças e adolescentes. Só no Estado de São Paulo foram registradas 2.534 denúncias de abuso sexual e 588 de exploração sexual. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, divulgados pela BBC Brasil, registrou em 2016, 22,9 mil atendimentos a vítimas de estupro no país. Em mais de 13 mil deles - 57% dos casos - as vítimas tinham entre 0 e 14 anos. Dessas, cerca de 6 mil vítimas tinham menos de 9 anos.

"Isso tem em Jaboticabal, às vezes até no nosso bairro. Chega de fingir, e vamos enfrentar juntos, para que a gente possa vencer" - secretária de Assistência Social, Tatiana Pellegrini.

"Não é tempo mais de nos calarmos. É momento de nos encorajarmos para que a gente coloque à tona, que dê luz ao problema. Estamos trabalhando as crianças, as famílias, toda a comunidade, de uma forma geral, para que a gente possa atuar antes da agressão, antes da exploração. Isso tem em Jaboticabal, às vezes até no nosso bairro. Chega de fingir, e vamos enfrentar juntos, para que a gente possa vencer", convocou a secretária de Assistência Social, Tatiana Pellegrini.

Mãe de dois filhos, um menino de 2 anos e uma menina de seis meses, Marina Gabriela Dias de Souza concorda que a conscientização tanto de adultos quanto das próprias crianças é o caminho. "A gente vê reportagens do tanto que tem de abuso e de exploração sexual, e a gente sabe o quanto é difícil criar e educar, mas creio que com essa conscientização conseguiremos que eles sejam mais conscientes do que a minha geração", disse.

Qualquer pessoa, de qualquer região do Brasil, pode fazer a denúncia através do Disque 100. "A denuncia é anônima, a pessoa não vai ser rastreada, não vai ser monitorada, e o órgão público mais próximo vai ser imediatamente acionado para que possa fazer a intervenção e a proteção da criança que está sendo objeto de abuso ou exploração sexual", explicou o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e membro da Comissão Regional de Direitos Humanos da PRF/SP, Flávio Catarucci.

O EVENTO - Pula-pula, algodão-doce e pipoca, além da avaliação das medidas corporais, realizada por acadêmicos de educação física da Instituição Moura Lacerda, foram as primeiras atividades iniciadas antes da chegada da chuva. A Orquestra Crianças, da Escola de Artes de Jaboticabal, primeira a subir no palco, se apresentava quando desaguou. As marquises próximas à praça ficaram tomadas pelos participantes e transeuntes.

Mas nem a água nem o vento gelados foram suficientes para parar o evento, que acabou transferido de última hora para a Câmara Municipal. Lá se seguiram apresentações de Karatê, da ONG Amor Solidário, de danças, da Igreja Batista Renovada e da Igreja Universal do Reino de Deus e um bate-papo com o inspetor da PRF, Catarucci, e com o deputado federal, Roberto Alves.

De acordo com Catarucci, levantamento da PRF por meio do Projeto Mapear, acusou um aumento de 20% na quantidade de pontos vulneráveis à exploração sexual infantil nas rodovias federais do país. "Não é porque um ponto é vulnerável que efetivamente existe a exploração sexual, já que os pontos evoluem de baixo, médio e alto risco, e pontos críticos, onde efetivamente existia a exploração sexual infantil", explicou Catarucci. Segundo ele, "apesar do aumento na quantidade de pontos vulneráveis, tivemos uma redução de pontos críticos [que efetivamente acontece abuso e exploração]. Estamos orientando no mapeamento os motoristas, funcionários de postos de combustíveis, de restaurantes, para que possam aderir a essa campanha de combate à exploração sexual infantil, denunciando qualquer abuso, exploração ou violência sexual através do telefone Disque 100, para que a gente possa extirpar do Brasil esse mal que é a exploração e o abuso sexual infantil".

Ainda segundo o inspetor da PRF, o último ponto crítico registrado na região noroeste de São Paulo, da qual Jaboticabal faz parte, aconteceu em 2014 na BR-153, em um restaurante, onde foi constatado abuso sexual infantil. A operação acabou na prisão do proprietário e interdição do estabelecimento. "O objetivo do projeto é identificar e registrar a existência desses pontos para concentrar as ações de policiamento e fiscalização de ações educativas e esclarecimento para que esses pontos que são de baixos riscos, não evoluam para médio, alto ou até pontos críticos", explicou o inspetor.

Gibis, desenvolvidos com uma linguagem lúdica para ensinar as crianças a ficarem alertas contra o abuso sexual, também foram distribuídos para os pequenos. Por fim, uma bicicleta foi sorteada entre os presentes.


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Ana Paula Junqueira

Assessoria de Comunicação
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