Autoexame “não é eficaz para prevenir o câncer de mama”, diz médico do Hospital de Amor de Barretos Imprimir

por Virginia publicado 29/08/2018 19h57, última modificação 16/11/2020 09h01
O câncer de mama e o de colo uterino foram assuntos de destaque na 10ª edição da Semana de Prevenção do Câncer Ginecológico, em Jaboticabal.

O câncer de mama e o de colo uterino foram assuntos de destaque na 10ª edição da Semana de Prevenção do Câncer Ginecológico, em Jaboticabal. Realizada de 24 a 28 de setembro, a Semana serve de alerta e conscientização sobre os riscos do câncer ginecológico, as vantagens do diagnóstico precoce e a possibilidade de cura.

O vice-prefeito Vitório De Simoni (MDB), no exercício do cargo de prefeito, abriu oficialmente o evento na Câmara Municipal, na segunda-feira (24/09), ao lado do presidente da Casa, e idealizador do evento, Dr. Edu Fenerich (PPS), conforme a Lei nº 2.931, de 02 de outubro de 2001.

O médico do departamento de prevenção e diagnóstico precoce em câncer de mama e colo uterino do Hospital de Amor de Barretos, Dr. Bruno de Oliveira Fonseca, foi quem conduziu a palestra de abertura, na Câmara Municipal. Ele soltou o verbo e provocou o público sobre alguns tabus que ainda rondam a cabeça de muita gente sobre a doença e a prevenção, como por exemplo, o autoexame da mama.

Afinal, o autoexame periódico deve ou não ser feito? De acordo com o médico, e a recomendação do Ministério da Saúde, a resposta é não. O procedimento correto está na realização da mamografia para a detecção precoce da doença. Para o médico, o autoexame deve dar lugar ao autocuidado. “Hoje, comprovadamente, a gente tem vários estudos científicos provando que ele não é eficaz para prevenir o câncer de mama. E por que isso? O autoexame dá à paciente uma condição que ela não tem, não foi treinada para examinar uma mama, que é muito difícil de ser examinada até pelo próprio médico. E quando você dá essa obrigação à paciente, ela não consegue, e às vezes... não procura o médico por achar que aquela mama está bem. Ou o contrário, ela acha muitas coisas que na verdade não são reais e não levariam a um câncer de mama. Então, o autoexame hoje é contraindicado pelo Ministério da Saúde. Agora, isso é diferente da própria paciente se conhecer, apalpar sua mama, e qualquer diferença que ela notar, procurar seu médico”, destacou Fonseca.

O câncer de mama é a principal causa de morte em mulheres no mundo. Só neste ano, a estimativa do inca é de que no Brasil sejam registrados mais de 59 mil novos casos de câncer de mama. Alguns sinais podem indicar que você deve procurar um médico, como a retração ou abaulamento mamário; um nódulo palpável por mais de um mês; uma descarga papilar espontânea ou tipo “água de rocha” pelo bico do seio; e o histórico de câncer de mama em familiar de 1º grau (mãe, irmã ou filha).

E se o câncer de mama não tem como prevenir, a história é bem diferente quando se trata do câncer de colo uterino. Este sim é evitável. A infecção pelo papilomavirus, o HPV, está entre os fatores de risco para este tipo de câncer. Por isso, o médico alertou sobre a importância da vacinação de crianças e adolescentes que não foram expostas ao vírus, a fim de evitar o contágio. A vacina está disponível na rede pública de saúde. Vale lembrar que o câncer de colo uterino é altamente tratável e de progressão lenta. O exame para detecção da doença é o papanicolau. “Desmitificar aquela obrigação de se colher o papanicolau a partir da primeira relação sexual, isso não é necessário. É uma patologia [o câncer de colo uterino] que inicia depois dos 25 anos, então é desnecessária a coleta antes disso, a não ser para pacientes imunocomprometidas, que é aquela paciente portadora do HIV [vírus da AIDS], ou pacientes transplantadas, essas sim têm que fazer a partir da primeira relação. A população geral não, com 25 anos começa-se a colher o papanicolau a cada ano. Assim que ela tiver dois exames negativos, ela passa a colher de três em três anos”, arrematou Fonseca.

Para o estudante de Técnica em Enfermagem, Rafael Zuccularo, a palestra foi uma oportunidade para o esclarecimento de dúvidas. “Foi uma palestra bem explicativa. A gente levou muitos pontos que a gente não esperava, como a questão do autoexame”, observou o estudante. Já o coordenador do curso de Enfermagem da Faculdade São Luís, José Renato Gatto Junior, destacou a metodologia utilizada pelo palestrante para a troca do conhecimento. “O palestrante envolveu o público na co-construção do conhecimento... com um movimento de trabalhar junto com a plateia experiências e estudos de casos. Bem interessante”, avaliou Junior.

As palestras foram igualmente replicadas pelo Dr. Edu Fenerich no CRAS I (Grajaú); CRAS II (C.D.H.U); e nos distritos de Córrego Rico, no Salão Paroquial da Igreja Santo Reis, e de Luzitânia, no CIAF. “Uma alegria poder vivenciar a abertura de mais uma Semana de Prevenção do Câncer Ginecológico. Uma ideia que nós tivemos há alguns anos e que objetivou incentivar as mulheres a fazer a prevenção do câncer ginecológico. Uma recepção do doutor Bruno, que atendeu gentilmente ao nosso convite, e trouxe novidades com relação, por exemplo, ao início da coleta do papanicolau, a frequência da coleta do papanicolau, a frequência da mamografia, enfim, algumas informações novas, porque a medicina é isso mesmo, ela se atualiza a cada momento, e que diz respeito a melhor prática da prevenção do câncer ginecológico”, concluiu Fenerich.

Assista o resumo da palestra de abertura:

Ana Paula Junqueira
Assessoria de Comunicação
(16) 3209-9478