Indígenas da aldeia “Tabaçu Rekó Ypy” defendem importância da preservação ambiental em apresentação na Câmara de Jaboticabal

por Ana Paula publicado 10/08/2022 16h39, última modificação 10/08/2022 16h42

Adornos com penas coloridas, corpo pintados com cores extraídas de frutos da natureza, e na bagagem, uma dose de cultura e respeito. Foi assim que um grupo indígena da aldeia Tabaçú Rekó Ypy, descendentes do Tupi-Guarani, desembarcaram em Jaboticabal na última segunda-feira (08/08), véspera do Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado dia 09 de agosto. A vinda foi a convite da ONG Organização Cultural e Ambiental (OCA), que contou com a parceria da Escola do Legislativo (EL) da Câmara Municipal de Jaboticabal.

Foram cerca de nove horas de viagem para o breve intercâmbio étnico cultural na cidade. Isso porque, o grupo partiu de seu território, localizado na divisa entre Itanhaém e Peruíbe, litoral sul de São Paulo, rumo a terras jaboticabalenses, com o objetivo de levar reflexão sobre a importância do cuidado com o meio ambiente, bem como para uma troca cultural.

Em Jaboticabal, o roteiro contemplou a visita em escolas da rede municipal de ensino e nas sedes dos poderes Legislativo e Executivo. Na Câmara Municipal, os indígenas foram recepcionados pela presidente da Casa, Renata Assirati, ao lado da diretora da EL, Sílvia Mazaro, representando o presidente da Escola, vereador Dr. Edu Fenerich. O grupo, formado por adultos, jovens e crianças, se apresentou com dança e canto indígena, sob olhares curiosos de quem assistiu a apresentação.


Casal Morubixaba durante abertura da apresentação na Câmara de Jaboticabal. Foto: Virginia Antonino.

As palavras entoadas em Tupi-Guarani pelo grupo ecoaram pelas dependências da Câmara. Segundo Itamirim, mulher do Morubixaba (que em língua portuguesa significa cacique, ou líder da comunidade) da aldeia, o canto possui letras voltadas às crianças. “É Mitangué boraí [música para as crianças]”, contou Itamirim. “Nós fazemos as letras trazendo ensinamentos para as crianças. Como nas escolas tem os livros, várias ferramentas para ensino, nós temos a música como base do ensinamento. É sempre agradecendo ao momento, à floresta, à água, tudo o que tem ao nosso redor. Essa em especial, que cantamos aqui [na Câmara] é sobre a caminhada, mostrando que essa caminhada é nossa, e que nós podemos caminhar juntos”, disse a Morubixaba, que também é professora educadora da comunidade Tabaçu.


Apresentação de canto - "Essa [música] em especial, que cantamos aqui [na Câmara] é sobre a caminhada, mostrando que essa caminhada é nossa, e que nós podemos caminhar juntos” - disse Itamirim. Foto: Virginia Antonino

Antes de retornar para a aldeia, o grupo também faz apresentações em Taiúva, Taiaçu, Taquaral, Dumont, Pradópolis, Barrinha e Pontal.

O CUIDADO COM A NATUREZA

“A importância da gente estar vindo da nossa comunidade até a cidade, é para a gente sempre lembrar da importância que tem a natureza. A gente estando aqui na cidade, a gente consegue trazer o despertar, para que as pessoas possam continuar preservando, continuar buscando os meios para que a natureza não sofra tanto assim, como a gente percebe que já está sofrendo”, contou em língua portuguesa, com um sotaque, o Morubixaba da aldeia. “Trazemos essa consciência focada na proteção do meio ambiente”, completou Itamirim.


Apresentação do grupo indígena da aldeia Tabaçu Reko Ypy na Câmara Municipal de Jaboticabal.

A presidente da Câmara, Renata Assirati, não escondeu o encantamento. “É um prazer conhecer um pouco mais da cultura, da história e da luta do povo indígena pessoalmente, porque só vemos pela televisão, não temos essa proximidade. Esse trabalho que vocês [indígenas da Tabaçú] fazem [de levar a cultura para fora do território indígena], mostra essa grandiosidade de vocês. Hoje, em poucas palavras, nos ensinaram sobre o sentido de proteger a natureza”, manifestou Renata Assirati.


[Esq. à dir.] Professora Floripes da Silva; presidente da Câmara de Jaboticabal, Renata Assirati; casal Morubixaba Itamirim e Wurá da aldeia Tabaçu Reko Ypy; e diretora da Escola do Legislativo, Silvia Mazaro.

A presidente da ONG Organização Cultural e Ambiental (OCA) de Jaboticabal, Floripes da Silva – professora Flora, como é conhecida – que esteve acompanhada da vice-presidente da entidade, Marina Candido Fernandes, destacou o objetivo do encontro em promover a troca de conhecimento sobre a cultura do povo indígena, principalmente para as crianças. A ida às sedes dos Poderes Legislativo e Executivo Municipal, segundo professora Flora, foi para que o grupo pudesse conhecer os espaços, que são parte da estrutura de organização político-social do município. A dirigente aproveitou a oportunidade para defender o ensino da língua tupi-guarani nas escolas do país. “Temos que cultuar o que é nosso. Acredito que deveríamos aprender o tupi-guarani, primeiro, juntamente com o português, e não inglês. Nós tínhamos que aprender a nossa língua mãe do Brasil”, finalizou a professora aposentada.

INTERCÂMBIO ÉTNICO CULTURA

Descendentes diretos dos primeiros habitantes desse país chamado Brasil, os integrantes da comunidade Tabaçú carregam a identidade de seus antepassados, preservam sua língua mãe, o tupi-guarani, e sua cultura.

Mas, apesar de manter suas tradições e viverem de modo tradicional em seu território, na Terra Indígena de Piaçaguera, hoje eles também estão conectados. Presentes nas redes sociais, os Tabaçus puderam ultrapassar as linhas de seus territórios para serem conhecidos por outros, e assim, ajudar a garantir a sobrevivência de seu povo.

Segundo Itamirim, hoje a comunidade sobrevive da venda de artesanato e também da abertura da aldeia para o turismo étnico cultural, realizado em seu território. “Chamamos de Vivenciar Tabaçú. As pessoas passam um dia na aldeia, com roteiro, com resumo do nosso canto, da medicina, das trilhas onde nós vivemos. Também tem curso de três dias de imersão para aprendizado lá na aldeia. Todas as pessoas que tem o contato no nosso território conseguem sentir melhor a cultura, o que nós somos”, contou a Morubixaba. Para quem quiser saber mais sobre a imersão na cultura indígena, basta entrar em contato por meio da página Aldeia Tabaçu Reko Ypy no Facebook (https://www.facebook.com/aldeia.t.rekoypy).


Assessoria de Comunicação
Fonte: Câmara Municipal de Jaboticabal (Reprodução autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Jaboticabal)
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