Roda de conversa aborda práticas de autocuidado para saúde mental

por Ana Paula publicado 28/09/2022 11h56, última modificação 28/09/2022 11h56

A roda de conversa sobre "As práticas de autocuidado para a Saúde Mental" movimentou o Plenário da Câmara Municipal de Jaboticabal no último dia 21 de setembro. O evento, aberto ao público, integrou as ações de conscientização para a valorização da vida como parte da campanha “Setembro Amarelo”.

O médico psiquiatra Dr. Roger Negretti falou sobre as doenças mais comuns que afeta a saúde mental, entre elas a ansiedade e a depressão. Segundo o médico, “pelo menos 80% do que a gente tem hoje em consultório de quadro depressivo, é derivado de um quadro anteriormente de ansiedade mal tratada... Existe o que é normal da ansiedade. Todos nós temos um nível natural de ansiedade, isso é nosso sistema de proteção, a gente precisa disso para se proteger dos perigos. E existe o nível exacerbado, um nível contínuo de ansiedade, que a gente chama de nível patológico, que necessita de tratamento”.

Roda de conversa sobre autocuidade para saúde mental
Roda de conversa sobre práticas de autocuidado para saúde mental na Câmara de Jaboticabal. Foto: Poliana Taliberti

Dr. Roger ainda traçou um enlace entre a evolução fisiológica, social e emocional da espécie humana ao longo da história. “Para o homem primitivo, a ansiedade era útil para buscar alimento. Aquele homem primitivo, caçador, coletor, era bem alimentado, bem nutrido... Hoje, a gente se alimenta muito mal. Come sempre as mesmas coisas, excesso de carboidratos, poucas verduras, muito diferente daquele homem primitivo. A nossa alimentação atual já estimula um nível alterado de ansiedade, porque vão faltar nutrientes. Nossa mente vai aumentar o nível de ansiedade para que você vá buscar mais alimentos... Então, [se vocês] querem controlar o nível de ansiedade, comece se alimentando muito bem, alimentação diversificada e variada”, pontuou Dr. Roger.

Psiquiatra Dr. Roger Negretti
Médico psiquiatra Dr. Roger Negretti fala sobre as principais doenças que afetam a saúde mental. Foto: Poliana Taliberti

Ainda segundo o psiquiatra, “a consciência do ‘eu’ aumentou a capacidade evolutiva [da espécie humana]. A gente se adapta a tudo. [Mas] o excesso de preocupações pode desequilibrar o nível de ansiedade... Nossa mente não foi preparada para tanta informação. O nosso excesso de informações, úteis ou inúteis, sobrecarrega o nosso sistema e eleva nosso nível de ansiedade”, explicou o médico.

HIPNOTERAPIA – O uso da hipnose no tratamento de doenças mentais, como depressão, ansiedade e fobias tem sido aplicado por profissionais da psicologia. O assunto foi debatido pelo psicólogo Rogério Ricardo, que aplica a hipnoterapia. O psicólogo ainda destacou a importância do trabalho multidisciplinar para a saúde mental. “A psicologia busca as causas emocionais dos sintomas. Na psiquiatria, vai trabalhar com a parte medicamentosa para controlar aqueles sintomas. São abordagens diferentes. Assim como a religiosidade, a meditação, que busca um conceito mais interno... A mente emocional não entende o que é real e o que é imaginário. Uma vez que você pensou e tem a carga emocional, descarrega no corpo todo esse sistema ansioso quimicamente. Na hipnose, eu vou fazer ela [carga emocional] regredir a esse momento, onde iniciou essa causa emocional, e dar uma solução”, explicou Rogério, que também destacou a importância da “força do perdão e da gratidão” para o equilíbrio do “eu”.

Psicólogo Rogério Ricardo.
O psicólogo Rogério Ricardo fala sobre o uso da hipnoterapia no tratamento para depressão, ansiedade e fobia. Foto: Poliana Taliberti

ACOLHIMENTO – Na sequência, a advogada e voluntária no atendimento fraterno do Centro Espírita Universal, Denise Cardoso, debateu sobre espiritualidade e religiosidade, independentemente de religião, no contexto do autocuidado para a saúde mental. Destacou a importância da liberdade religiosa e da garantia da proteção dos locais de culto e liturgias, de assistência religiosa a pessoas em vulnerabilidade, previstos na Constituição Federal. “Do ponto de vista social, o preconceito a pessoas em vulnerabilidade, desempregados, pessoas com deficiência, negros, indígenas, LGBTQIA+, estrangeiros, são estigmatizadas. E muitas vezes desenvolvem transtornou mentais ou se agrava pelo estigma. Há responsabilidade do Estado e da sociedade em desenvolver políticas públicas e ações para prevenção. Aí a importância da educação, da arte, da cultura, do esporte, do lazer como um instrumento de valor e de resultado na prevenção, e a religião em si. Responsabilidade de todas as crenças! De pensar ações evangelizadoras [de prevenção] que possam promover em suas Casas.”

Denise Cardoso
"... o acolhimento tem que ser pautado principalmente no sigilo, na escuta ativa, incluindo o silêncio, perceber, observar a pessoa!..." - Denise Cardoso.

Denise ainda defendeu que as casas religiosas promovam ações de acolhimento. “As instituições religiosas não são lugares de tratamento. A religião e ciência devem andar juntas. As casas religiosas devem acolher e indicar que o atendido procure profissionais de saúde mental para o necessário tratamento. Porém, o acolhimento tem que ser pautado principalmente no sigilo, na escuta ativa, incluindo o silêncio, perceber, observar a pessoa! O não julgamento, principalmente. E o amor! Que são deveres cristãos e que podem e devem ser observados e instituídos nas nossas casas religiosas. De modo a acolher e fortalecer os valores religiosos das pessoas que sofrem e que nos procuram. Essa é uma importante reflexão que precisamos fazer”, defendeu Denise.

MEDITAÇÃO – A meditação como ferramenta para o autoconhecimento também foi assunto na roda de conversa. O professor de yoga e meditação, Eliel Abraham Pinto Sandoval, natural da Venezuela, relatou que experimentou estágios de depressão, em parte, pela dificuldade vivida em seu país de origem, e foi na prática da yoga que Eliel buscou seu equilíbrio. Estuda há anos sobre a filosofia do yoga e hoje, como mestre, ajuda outras pessoas a utilizar a meditação na busca pelo equilíbrio do eu. “Tenho quase certeza que a maioria das pessoas tem um conceito errado da meditação. Quando se fala de meditar, tenho quase certeza que você imagina uma pessoa no chão, pernas cruzadas, sentadinho, olhos fechado, ‘auuumm’, e a alma saindo do corpo, viajando pelo espaço. Desce uma paz, uma pessoa iluminada, e quando rela, consegue curar. Não é assim que funciona!... Meditar é entender teu próprio pensamento. Não de controlar o pensamento. O que todos queremos? Ser melhor... Tentamos entender a nossa própria escuridão, que faz parte da gente, que inclusive são necessários pra gente conseguir evoluir... A gente precisa buscar dentro de nós qual a raiz do problema... Entre dentro de você e tente entender o que acontece... Cada um de nós é um universo. É completamente diferente do outro... Cada um de nós precisa de alguma coisa completamente diferente do outro. E a solução que a gente precisa, não necessariamente está na solução que outra pessoa já tem”, manifestou Eliel.

Mestre de yoga Eliel Sandoval
Eliel Sandoval debate sobre a meditação para o autoconhecimento.

O mestre de yoga ainda simulou com o público uma sensação de crise de pânico, e aplicou exercícios de relaxamento com respiração. “Desacelera! A pessoa mais importante que você tem é você mesmo. Se você não se ama, não se cuida, não se autoconhece e não corre atrás, ninguém fará! Têm as ferramentas. A gente não é autossuficiente. A gente precisa dos outros. E se não tem ninguém, tem você mesmo!... Não estamos dentro do universo, formamos parte do universo... Somos todos necessários. Quando não controlamos nosso pensamento, não controlamos nosso corpo. E nossos instintos primitivos superam nosso raciocínio... A ansiedade é física. É real, é um estímulo do corpo. E nosso cérebro fica no corpo!... As práticas de medicação são para eu tentar me cuidar, me preservar, me estimular, para não acontecer nada comigo, e ajudar o outro...”, compartilhou Eliel.

saúde mental
Público participa de exercício de relaxamento com Eliel.

O evento foi uma realização da Escola do Legislativo da Câmara Municipal, presidida pela vereador Dr. Edu Fenerich (MDB), com apoio da Comissão de Assuntos Relevantes para tratar sobre políticas públicas de valorização da vida e prevenção ao suicídio da Câmara Municipal, presidida pela vereadora Profa. Paula (PT); das clínicas Ficus e Equilibrium.

A íntegra da roda de conversa está disponível para acesso no canal da Câmara no YouTube > https://www.youtube.com/CamaraMunicipaldeJaboticabal



Assessoria de Comunicação
Fonte: Câmara Municipal de Jaboticabal (Reprodução autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Jaboticabal)
(16) 3209-9478